sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Morador do Jacarezinho denuncia ter sido torturado e ameaçado de morte por PMs do Bope


 Um morador do Jacarezinho que é estudante de direito denunciou à Polícia Civil ter sido torturado e ameaçado de morte por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), a tropa de elite da Polícia Militar.

Escolhida como "vitrine" do programa Cidade Integrada – aposta do Governo do Rio de Janeiro para reformular a segurança pública no estado –, a Favela do Jacarezinho, na Zona Norte, está ocupada por agentes de segurança e tem recebido intervenções urbanísticas desde a semana passada.

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Segundo o estudante, a tortura e a ameaça aconteceram na última sexta-feira (21) quando, por volta das 12h, cinco PMs com fardas camufladas em verde e bege invadiram a casa dele, que também é usada como escritório de advocacia.

O rapaz disse que não havia nenhuma identificação nos uniformes e que os policiais entraram na residência. No local, ele afirma que foi agredido com socos nas costelas e tapas no rosto. Ele contou, ainda, que teve celular e documentos roubados pelos policiais.

'Vou te matar'

Também no depoimento prestado na 25ª DP (Engenho Novo), e obtido pelo g1, o rapaz conta que um policial se aproximou do seu rosto com uma faca e cortou a barba dele. Ele narra que os PMs perguntaram se ele trabalhava para o tráfico de drogas e se havia drogas na casa.

Um dos policiais teria exigido que ele desbloqueasse o celular e disse: "Se tiver envolvimento com o tráfico, vou te matar". Os policiais, de acordo com o depoimento, teriam prometido voltar ao local na noite de sexta-feira (21).

O que dizem as polícias Civil e Militar

Em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que está "dando total apoio às demandas dos moradores locais desde o início da retomada do território na Comunidade do Jacarezinho, Zona Norte da Cidade do Rio, desencadeada no dia 19 de janeiro".

A corporação acrescentou que "a Corregedoria de Polícia Militar está mantendo um posto avançado na comunidade de maneira permanente" e que o "comando da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) também segue ao total dispor dos moradores".

A PM afirma que na quarta-feira (26), "os comandos da Corregedoria e das UPPs estiveram diretamente na comunidade e ouviram as demandas da população local".

De acordo com a Polícia Civil, "o caso foi registrado na 25ª DP (Engenho Novo) e será encaminhado para a Delegacia de Polícia Militar Judiciária, que dará prosseguimento às investigações".

A Civil explicou que a ocorrência foi encaminhada à DPJM porque a delegacia militar é que tem atribuição para investigar PMs que cometam crimes no exercício da função.


/G1

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