domingo, 19 de outubro de 2025

A irresponsabilidade disfarçada de influência em Santa Cruz do Capibaribe-PE

Um vídeo do influenciador Thalyson Girão, que acumula mais de 1,2 milhão de seguidores nas redes sociais, gerou polêmica e revolta em Santa Cruz do Capibaribe e em todo o polo de confecções. No conteúdo publicado, ele sugere que os consumidores evitem as compras presenciais e optem pelo comércio on-line, alegando possíveis problemas nas estradas.

À primeira vista, poderia parecer uma simples recomendação. Mas o contexto revela algo muito mais grave: a publicação ocorreu logo após a tragédia que vitimou 17 pessoas na região, um episódio que abalou famílias, comunidades e o próprio setor produtivo.

É nesse ponto que reside a indignação. O influenciador, que tem como prática indicar marcas para compras virtuais, aproveitou um momento de dor coletiva para direcionar clientes do comércio físico para o on-line. Um gesto que, além de revelar oportunismo, expôs uma completa falta de empatia diante de uma catástrofe que ainda nem teve seus culpados apontados.

A repercussão foi imediata: em poucas horas, o vídeo alcançou 700 mil visualizações, mas trouxe ao influenciador muito mais críticas do que aplausos. Prefeitos do polo, representantes de entidades e centros de compras emitiram notas de repúdio, defendendo os trabalhadores e empreendedores que sustentam o comércio presencial.

A influência digital carrega responsabilidade. E quando essa responsabilidade é usada de forma leviana, em detrimento da dor alheia, não estamos diante de comunicação, mas de exploração. O episódio de Thalyson Girão não é apenas um deslize; é um alerta sobre os limites éticos que todo influenciador deve respeitar.

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