quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Em Pernambuco Falta de medicamentos ameaça vida de pacientes com Hipertensão Pulmonar, Portadores de doença crônica e fatal estão sem tratamento regular há quase um ano


Pacientes de Pernambuco vem sofrendo com a falta de medicamentos para tratar a Hipertensão Pulmonar (HP). Desde março do ano passado, a Farmácia do Estado não fornece os remédios regularmente, o que ocasiona um agravamento da doença.


 A HP não tem cura, mas os medicamentos ajudam a aumentar a sobrevida e são de extrema importância para o tratamento, principalmente porque ajudam a controlar os sintomas que interferem diretamente na qualidade de vida dos portadores, como falta de ar, fadiga, tontura e episódios de desmaio.

Esse cenário já se prolonga há quase um ano, mesmo após o Ministério Público ter estipulado prazo à Secretaria Estadual de Saúde para regularização da situação, em audiência realizada em outubro de 2018. "Existe um claro problema de gestão relacionado à falta de medicamentos necessários ao tratamento da HP, e não se justifica deixar a vida dos pacientes à mercê da incapacidade gerencial do Estado", afirma Paula Menezes, advogada e presidente da ABRAF (Associação Brasileira de Apoio à Família com Hipertensão Pulmonar e Doenças Correlatas), entidade que luta pela dignidade dos portadores de HP no Brasil.

Na rede privada, medicamentos importantes para o tratamento, como o Bosentana o Ambrisentana, chegam a custar cerca de 500 e 4 mil reais, respectivamente, cada caixa com duração de um mês. E há ainda outros remédios, como o Riociguate, cujo valor chega a 17 mil reais.

Fátima Ribeiro, representante da ABRAF em Pernambuco, alerta que o problema não é de agora. "Há casos de falta de medicamento em diversas cidades do estado, que enfrentam essa dificuldade há quase um ano. Mesmo quando a situação é parcialmente regularizada, nunca temos certeza se no próximo mês os remédios estarão disponíveis ou não", ressalta.

No último dia 11, a Farmácia do Estado recebeu unidades dos remédios Sildenafila e Ambrisentana, porém outros como o Bosentana e o Iloprost continuam em falta. Não contar com medicamentos disponíveis para todos os pacientes também é outro problema que a região enfrenta. "Chegam poucas unidades dos remédios, causando constrangimento entre os usuários, já que apenas alguns recebem pelo critério de ordem de chegada", diz Fátima. E completa: "Esse cenário representa uma verdadeira sentença de piora do estado de saúde e até mesmo o óbito, como ocorreu recentemente com uma paciente que ficou internada na UTI do PROCAPE e não resistiu. Não podemos perder pacientes por falta de medicamentos. Eles são vidas e não números".

No momento, a Promotora de Justiça Maria Ivana Silva solicitou que os pacientes aguardem 30 dias para que a situação se regularize devido à mudança de governo que ainda está em andamento. Caso contrário, será ajuizada ação em face do estado de Pernambuco.

A Hipertensão Pulmonar; A HP é um termo abrangente e inclusivo para um grupo de várias doenças crônicas que afetam os pulmões e o coração. Somente no Brasil, estima-se que cerca de 60 mil pessoas sofram da doença, e mais de 25 milhões de pessoas em todo o mundo. Algumas formas ou"subtipos" da HP são raras, bem como de desenvolvimento rápido, debilitantes e fatais. Inclusive, a taxa de mortalidade de pacientes com a doença é elevada, chegando a um percentual de 43% depois de cinco anos.

Na HP, as artérias que levam o sangue do coração aos pulmões estreitam por razões que ainda não são totalmente compreendidas. O coração luta para bombear sangue através das artérias reduzidas, resultando em pressão arterial alta nos pulmões e dilatação do coração. Com o tempo, o coração sobrecarregado de trabalho se desgasta, podendo causar insuficiência cardíaca e morte.

Embora seja mais comum em jovens adultos e em mulheres, a doença também afetas pessoas de diferentes idades. Os sintomas da Hipertensão Pulmonar, que podem incluir falta de ar, fadiga, tontura e episódios de desmaio, variam de paciente para paciente e, normalmente, não ocorrem até a doença ter progredido, o que atrasa o tratamento. Como esses sintomas também são comuns em outras enfermidades, como asma, bronquite ou insuficiência cardíaca, o diagnóstico da HP ainda é difícil de ser reconhecido.

Bruno Muniz



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