quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

UFPE apresenta novo fármaco com potencial terapêutico para Paralisia Cerebral


 

A Paralisia Cerebral (PC), doença perinatal responsável por prejudicar funções importantes e ocasionar dependência funcional, é considerada a principal causa de disfunção motora crônica na infância. Atualmente, os indivíduos com PC são tratados principalmente por fisioterapia, órteses e cirurgia ortopédica, mas esses métodos têm impactos limitados para o bem-estar do paciente. Diante da baixa qualidade de vida a qual essas pessoas são submetidas, uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), aponta alternativas no âmbito das medidas terapêuticas com a utilização do Fator de Crescimento de Fibroblastos 19 (FGF-19), hormônio produzido pelo intestino, que pode restaurar a disfunções causadas pela doença.

“Nossa análise da expressão gênica do músculo esquelético revelou um padrão de alterações semelhante ao relatado em um estudo de perfil genômico em músculos do punho de pacientes com PC. Nossos dados sugerem, portanto, que o FGF19 pode ser um novo composto terapêutico potencial contra deficiências da atividade locomotora e fraqueza do musculoesquelético associada à PC”, afirma a professora Ana Elisa Toscano, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento (Posneuro) e da Unidade de Estudos em Nutrição e Plasticidade Fenotípica do Departamento de Nutrição da UFPE.


De acordo com as pesquisas, a intervenção farmacológica com FGF-19 recombinante, ou “fator de crescimento de fibroblastos 19”, que é um hormônio produzido pelo intestino, pode restaurar a disfunção musculoesquelética e locomotora em um modelo experimental de PC, sugerindo que o insumo representa uma potencial estratégia terapêutica de combate aos distúrbios locomotores associados à doença.


O estudo mais recente demonstra que o modelo de rato com PC usado nos experimentos se aproximou bastante dos distúrbios motores e musculares observados em crianças afetadas.


“No estudo atual, destacamos que aquela promissora constatação serviu para incentivar estudos experimentais sobre a Paralisia Cerebral, os quais funcionam como ferramentas para investigar potenciais terapias, como a manipulação farmacológica com FGF19”, complementa a pesquisadora.


No artigo científico de coautoria da professora Ana, intitulado “Fibroblast growth factor 19 as a countermeasure to muscle and locomotion dysfunctions in experimental cerebral palsy”, e publicado no prestigiado periódico Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle, pesquisadores demonstram que a intervenção farmacológica com FGF-19 recombinante pode restaurar a disfunção musculoesquelética e locomotora em um modelo experimental da doença perinatal.


Com o propósito específico de verificar se o FGF19 poderia ser usado como uma contramedida para lutar contra a atrofia muscular e disfunção da mobilidade em um modelo de PC de rato, agora os estudiosos descobriram que a administração diária de FGF19 recombinante humano, entre os dias 22 e 28 após o nascimento em ratos com PC, melhorou a locomoção e os parâmetros musculoesqueléticos, como tamanho da fibra muscular e massa óssea da tíbia.


“Além disso, o tratamento com FGF19 restaurou a expressão muscular de vários genes que foram previamente encontrados alterados no músculo do punho de crianças com PC”, finaliza.


Os pesquisadores que revelaram o FGF19 ao mundo, incluindo Ana Elisa e a equipe do Laboratório Cardiovascular, Metabolismo, Diabetologia e Nutrição (CarMeN), da Université Claude Bernard Lyon 1, na França, sob a responsabilidade de Hubert Vidal e em parceria com Jérome Ruzzin, do Departamento de Medicina da Universidade de Oslo (Noruega), já haviam destacado a capacidade do fármaco de aumentar a massa muscular em camundongos assim como o tamanho das células musculares humanas em cultura.

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